DIU de cobre - Dispositivo Intra Uterino

Informações do Município de São Paulo

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, o Dispositivo Intrauterino (DIU), apesar de constar como disponível no SUS, representa o método utilizado por somente 4,4% de mulheres em idade fértil (IBGE, 2021). Em outros países essa porcentagem varia de 10% a 30% (FEBRASGO, 2017).

O DIU é considerado um método de longa duração (também conhecido pela sigla LARC, da tradução do inglês). Esses são métodos cada vez mais escolhidos e utilizados em razão da segurança ofertada, da facilidade de adesão e da satisfação com o método.

O Dispositivo Intrauterino (DIU) de Cobre ou DIU não hormonal (modelo Tcu 380 A) é um método contraceptivo altamente eficaz e de longa duração (até 10 anos).  A grande vantagem desse método é que ele não depende do nosso comportamento e pode ser retirado assim que desejado, sem prejuízo à fertilidade. Além disso, o DIU de Cobre funciona como método contraceptivo de emergência, podendo ser inserido até 5 dias após uma relação sexual desprotegida e não é considerado um método abortivo

O DIU de Cobre é disponibilizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e, a partir da Norma Técnica Conjunta CBAF/CAF/SPSP-SP e CRS de 2019, também é disponibilizado nos serviços municipais de maternidades logo após o parto ou o abortamento. Com o objetivo de ampliar a disponibilidade de DIU no SUS, o Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica nº 31/2023, que recomenda a colocação e retirada desse método contraceptivo por profissionais de enfermagem e medicina (medicina de família e ginecologia). 

Vantagens

  • Método muito eficaz (aproximadamente 99% de segurança);
  • De longa duração (10 anos);
  • Livre de hormônios;
  • Não demanda nenhum trabalho no dia a dia;
  • Pode ser retirado quando desejado e a fertilidade retorna imediatamente;
  • Pode ser inserido em até 48 horas após o parto e em qualquer momento após um abortamento; e
  • Pode ser usado durante a amamentação.

Desvantagens

  • Algumas pessoas sentem desconforto durante a colocação; e
  • Pode aumentar o fluxo menstrual e provocar aumento ou surgimento de cólicas no período menstrual, o que geralmente é reversível após alguns meses de uso e pode ser aliviado com a administração de medicações para dor.

Contraindicações verdadeiras

  • Alergia ao cobre e/ou Doença de Wilson;
  • Depois de 48 horas e até quatro semanas após o parto;
  • Doença inflamatória pélvica atual;
  • Sangramento uterino sem diagnóstico;
  • Alterações na cavidade uterina;
  • Câncer atual de endométrio, ovário ou colo uterino ou doença trofoblástica; e
  • Distúrbios de coagulação sanguínea.

Contraindicações falsas

  • Nunca ter engravidado,
  • ser adolescente,
  • não estar em um relacionamento fixo,
  • não estar menstruada na data do procedimento para inserção, dentre outras

são falsas e devem ser desmistificadas tanto para pessoas em busca do método quanto para profissionais de saúde. Também não é necessário realizar exames, como a ultrassonografia pélvica, por exemplo, antes do procedimento. Essa exigência pode atrasar a colocação do DIU e aumentar o risco de uma gestação não planejada.

Total de procedimentos na cidade de São Paulo

Entre 2019 e 2023, foram registrados 43.970 procedimentos envolvendo a inserção do dispositivo intra-uterino (DIU) no Município de São Paulo. Observa-se uma tendência de aumento desses procedimentos ao longo dos anos.

Número de procedimentos que envolvem a inserção de DIU na
Cidade de São Paulo, 2019-2023

Fonte: SIA, 2019-2023
Gráfico 1. Total de procedimentos que envolvem a inserção de DIU
no município
no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA)

Número de procedimentos que envolvem
ia nserção de DIU por FAIXA ETÁRIA
São Paulo, 2019-2023

Fonte: SIA, 2023
Gráfico 2. Total de procedimentos por faixa etária
no município notificados no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA)

DIU por
faixa etária

De acordo com o Gráfico 2, durante o período em análise, a predominância dos procedimentos relacionados à inserção de DIU foi observada em mulheres com idades entre 20 e 29 anos (44%), seguido por mulheres na faixa etária de 30 a 39 anos (32%).

Podemos observar, ainda, uma diminuição significativa nas faixas etárias mais avançadas.

DIU por RAÇA/COR

  • Branca: Com um total de 20.378 procedimentos, representa aproximadamente 46% do total. Isso sugere uma proporção significativamente maior em comparação com os outros grupos presentes no conjunto de dados.
  • Parda: Representando 15.122 inserções, ou cerca de 34% do total, esta categoria também se destaca como uma porcentagem substancial do acesso ao DIU de cobre.
  • Preta: Com 3.753 inserções, representa cerca de 9% do total, indicando uma presença significativa, embora menor que as categorias Branca e Parda.
  • Amarela: Com 3.158 inserção, compreende cerca de 7% do total, também representando uma proporção considerável, embora menor que as categorias Branca e Parda.
  • Indígena: Apresentando apenas 2 inserções, equivale a uma porcentagem muito baixa do total, praticamente insignificante em comparação com as outras categorias. Isso pode indicar uma escassez de dados ou uma representação muito pequena dessa população no conjunto de dados.
  • Sem Informação: Com 1.557 inserções, compõe aproximadamente 4% do total, mostrando uma presença significativa, embora a categorização desses casos não esteja disponível para análise racial/cor (cor cinza no gráfico). 

Número de procedimentos que envolvemr
a inserção de DIU por Raça/cor
São Paulo, 2019-2023

Fonte: SIA, 2023
Gráfico 3. Número de procedimentos que envolvem a inserção de DIU por raça/cor notificados no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA)

Os dados do Município de São Paulo mostram que mulheres brancas têm mais acesso ao DIU de Cobre em relação a mulheres pardas e pretas, conforme o gráfico abaixo.

Número de inserções de DIU por Subprefeitura do Estabelecimento, entre 2019 e 2023

Um estudo realizado em 2010 (FIGUEIREDO et al, 2014) constatou que, à época, apenas 64% das UBSs no Município de São Paulo realizavam o procedimento de colocação de DIU. Na análise dos dados coletados pelo Mapa de Justiça Reprodutiva, de 2019 a 2023, essa porcentagem subiu para 81%, ou seja, das 479 UBSs da cidade de São Paulo, 392 delas inseriram DIUs.

Porém, entendemos que o dado relevante a saber é: qual a quantidade de DIUs inseridos em relação à população em idade fértil referenciada a cada UBS, em especial por meio de uma análise a partir das interseccionalidades (raça/cor, faixa etária e gênero)?

Abaixo, você poderá consultar no Mapa a quantidade de DIUs inseridos por subprefeitura, com as subdivisões de raça/cor e faixa etária. 

O vídeo abaixo mostra a proporção de procedimentos que envolvem a inserção de DIU em relação ao número de mulheres em idade fértil por subprefeitura do município entre os anos de 2019 a 2023.

Como está representado acima, as subprefeituras que mais inseriram DIU na cidade de São Paulo, entre os anos de 2019 e 2023, proporcional ao número de mulheres e pessoas em idade fértil residentes, são as listadas abaixo: 

 

1º lugar- Subprefeitura CASA VERDE/CACHOEIRINHA com o total de 73,08 procedimentos a cada 10.000 mulheres;

2º lugar- Subprefeitura CIDADE TIRADENTES com o total de 53,83 procedimentos a cada 10.000 mulheres;

3º lugar- Subprefeitura CAMPO LIMPO com o total de 52,88 procedimentos a cada 10.000 mulheres;

4º lugar- Subprefeitura ERMELINO MATARAZZO com o total de 50,04 procedimentos a cada 10.000 mulheres; e

5º lugar- Subprefeitura FREGUESIA/BRASILÂNDIA com o total de 46,80 procedimentos a cada 10.000 mulheres.

 

As subprefeituras que menos inseriram DIU em 2023, na cidade de São Paulo, entre os anos de 2019 e 2023, proporcional ao número de mulheres e pessoas em idade fértil residentes, foram as seguintes: 

 

1º lugar- Subprefeitura PARELHEIROS com o total de 6,22 procedimentos a cada 10.000 mulheres;

2º lugar- Subprefeitura SANTANA/ TUCURUVI com o total de 6,45 procedimentos a cada 10.000 mulheres;

3º lugar- Subprefeitura com o total de 10,11 procedimentos a cada 10.000 mulheres; 

4º lugar- Subprefeitura SAPOPEMBA com o total de 12,90 procedimentos a cada 10.000 mulheres; e

5º lugar- Subprefeitura VILA MARIANA com o total de 13,10 procedimentos a cada 10.000 mulheres.

Como podemos interpretar esses dados?

As 5 instituições que mais colocaram DIU nos últimos 5 anos, representando 16% de todos os procedimentos da cidade de São Paulo, são hospitais ou centros especializados, classificados como serviços de Atenção Secundária à Saúde.

Esse dado é importante pois a oferta de DIU deveria acontecer principalmente na Atenção Primária à Saúde (APS). É a APS que se insere no território, é porta de entrada no sistema de saúde e presta um cuidado integral, coordenado e longitudinal à maior parte da população. 

Políticas para melhorar esse acesso, como a capacitação de mais profissionais (de medicina e de enfermagem) e a adoção de uma agenda com acesso avançado, ou seja, que garanta que os atendimentos aconteçam no mesmo dia ou até o dia seguinte, devem ser elaboradas (MURRAY et al, 2000). Somente por meio da ampla oferta na atenção primária, o DIU poderá ser amplamente acessado pela população, inclusive como método contraceptivo de emergência. 

As UBS que mais colocaram DIUs, em números absolutos, no período de 2019 a 2023, foram:

1º lugar- UBS Parque Maria Helena (subprefeitura Campo Limpo) com o total de 627 inserções - sendo 622 apenas no ano de 2019, o que representa uma média de 51 inserções por mês. Chama a atenção o alto número de inserções em 2019 e também que, nos 4 anos seguintes, o número de inserções foi praticamente insignificante (uma em 2020, quatro em 2021 e nenhuma em 2022 e 2023).

2º lugar- UBS Vila Dalva (Subprefeitura Butantã) com o total de 423 inserções - média de 7 inserções por mês

3º lugar- UBS Vila das Belezas (Subprefeitura M Boi Mirim) com 418 inserções - média de 7 inserções por mês

Os dados acima mostram que 19,3% das inserções de Diu, nos últimos 5 anos, estão concentradas em apenas 2,3% das instituições, e apenas 3 delas são UBS.

Nos últimos 5 anos, 97,6% das instituições da cidade de São Paulo, sejam UBS, AMA ou hospitais, inseriram 7 ou menos DIUs por mês.

Nos últimos 5 anos, 65,9% das instituições da cidade de São Paulo, sejam UBS, AMA ou hospitais, inseriram 2 ou menos DIUs por mês.

Nos últimos 5 anos, 48,10% das instituições da cidade de São Paulo, sejam UBS, AMA ou hospitais, inseriram 1 ou nenhum DIU por mês.



Acesse aqui a tabela de dados com os números absolutos de procedimentos que envolvem a inserção de DIU de cobre por estabelecimento de saúde cadastrado

Como você pode acessar
o DIU de cobre?

Para encontrar a UBS mais próxima de onde você mora e obter informações para colocação de DIU, acesse o Busca Saúde.

No serviço de saúde, podem solicitar que você preencha um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a colocação. Leia-o atentamente e assine depois. 

Você deverá retornar ao serviço onde colocou para reavaliar o posicionamento cerca de um mês após a inserção, e é dever do estabelecimento disponibilizar uma vaga para o seu retorno. Não há necessidade de realização de ultrassonografia para avaliação rotineira do posicionamento do DIU após a colocação, exceto se houver dúvida após o exame físico realizado por profissional de saúde. Você também poderá sentir o fio e o posicionamento tocando seu colo do útero. 

Caso você enfrente dificuldade no acesso a este método, é possível buscar ajuda! Saiba o que é possível fazer clicando em Denuncie Aqui.

Referências

Pesquisa nacional de saúde : 2019 : ciclos de vida : Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro : IBGE, 2021. 139p. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101846.pdf

Dispositivo intrauterino: de onde viemos e onde chegamos. Febrasgo, 2017. Disponível em https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/196-dispositivo-intrauterino-de-onde-viemos-e-onde-chegamos

Norma Técnica Conjunta CBAF/CAF/SPSP-SP e CRS de 2019 da Secretaria do Estado de São Paulo, disponível em https://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/assistencia-farmaceutica/notas-tecnicas/nota_tecnica_utilizacao_do_diu.pdf

Nota Técnica nº 31/2023 do Ministério da Saúde. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/notas-tecnicas/2023/nota-tecnica-no-31-2023-cosmu-cgaci-dgci-saps-ms/view

Figueiredo R, Mayer de Castro J, Kalckmann S. Planejamento familiar e reprodutivo na Atenção básica do município de São Paulo: direito constitucional respeitado?. bis [Internet]. 1º de dezembro de 2014 [citado 19º de março de 2024];15(2):81-93. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/bis/article/view/37394


Murray M, Tantau C. Same-day appointments: exploding the access paradigm. Fam Pract Manag. 2000 Sep;7(8):45-50. PMID: 11183460. Disponível em https://www.aafp.org/pubs/fpm/issues/2000/0900/p45.html.