Método contraceptivo

Métodos contraceptivos são diversas estratégias usadas para prevenir gestações indesejadas.

O uso de métodos contraceptivos é associado, em geral, à escolha pessoal e ao acesso. Contudo, para avaliar o uso desses métodos, é preciso considerar também fatores socioculturais, a relação conjugal propriamente dita e o histórico individual de escolhas e experiências (CABRAL, 2017).

Estudos apontam que, em média, 55% das brasileiras que tiveram filhos não planejaram a gestação, número acima da média mundial, que é de 40% (SINGH et al, 2010). Uma pesquisa da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, em parceria com o NEPO/UNICAMP, avaliou em 2015 que a prevalência de uso de anticoncepção entre as mulheres entrevistadas era de 86%, mas apenas 29% delas acessavam a métodos contraceptivos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) (LAGO et al, 2020).

É importante notar que abstinência sexual não é considerado um método contraceptivo, apesar de, em alguns países, já ter sido usado como tal em programas de governo, tendo sido, inclusive, defendido pelo Brasil no último governo. Os estudos mostram que, além de não ter eficácia na redução na gravidez na adolescência – tema importante de saúde pública – coloca crianças e adolescentes à margem da exposição a infecções sexualmente transmissíveis, gestações na adolescência e abusos sexuais, porque nega a essa população o direito à autonomia e a escolha. 

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em documento divulgado em 2020, afirma que: 

“... a SBP reitera o posicionamento da Sociedade Americana de Medicina do Adolescente que aponta para as falhas científicas e éticas da abordagem abstinence only ‘deixando à margem adolescentes sexualmente ativos, aqueles que já são pais, os que não se consideram heterossexuais e as vítimas de abuso sexual’. Adicionalmente, compreende-se que a abstinência das relações sexuais pode ser uma escolha saudável para os adolescentes desde que seja uma decisão pessoal deles e não uma imposição ou única opção oferecida, respeitan- do-se seu direito à autonomia. Embora teoricamente protetoras, as intenções de abstinência geralmente falham, pois a mesma não é mantida e estes programas não são eficazes para retardar o início das relações (SBP, 2020)”.

 

São inúmeras as histórias de pessoas que, ao buscarem acessar métodos contraceptivos, se deparam com o desconhecimento de profissionais de saúde na indicação de alguns métodos, o que se relaciona, por vezes, com questões morais e religiosas, com a sobrecarga do serviço ou, ainda, com a falta de contratação de profissionais capacitados.

Os métodos contraceptivos disponibilizados pelo SUS no Município de São Paulo são:

Clicando nos ícones, você poderá acessar mais informações acerca da disponibilização e legislação de cada método dentro do Município de São Paulo, indicações, contraindicações e como acessá-lo no SUS.

Caso queria saber mais, você também pode acessar a cartilha de métodos contraceptivos. 

Referências:

Cabral, CS. Articulações entre contracepção, sexualidade e relações de gênero. Saúde e Sociedade, v. 26, n. 4, p. 1093-1104, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0104-12902017000001.

Lago et al. Ouvindo mulheres: contracepção no município de São Paulo. Cad. Saúde Pública 36 (10), 2020.https://doi.org/10.1590/0102-311X00096919

Singh S et AL. Unintended Pregnancy: Worldwide Levels, Trends, and Outcomes. Studies in Family Planning. Volume 41 Number 4 December 2010.

Sociedade Brasileira  Pediatria,  Abstinência sexual na Adolescência: o que a ciência evidencia como método de escolha para prevenção de gravidez na adolescência, janeiro de 2020.